sábado, julho 18, 2009

Na hora única de João Cabral de Melo, aconteceu de tudo. E os homens perderam-se depois da madrugada.


A hora única


Os homens perderam-se
depois da madrugada.
Soprou do mar, das montanhas
do amigo morto
e dos amantes jamais suspeitados
uma viração imprevista
e a escuridão
que retardou para sempre
o aparecimento do sol
fez secar as flores colhidas
que aviões misteriosos deixaram cair
para serem distribuídas em profusão
entre as noivas de branco
nas salas de visita.

João Cabral de Melo Neto
(1920-1999)

Mais sobre João Cabral de Melo Neto em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Cabral_de_Melo_Neto

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