sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Como Olavo Bilac, ninguém cantou em versos o amor à língua portuguesa. A última flor do Lácio, inculta e bela, o nosso rude e doloroso idioma.



Língua Portuguesa

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho"!
E em que Camões chorou, exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

Olavo Bilac
(1865-1918)

Mais sobre Olavo Bilac em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Olavo_Bilac

Um comentário:

Carol Biavati disse...

Confesso a você que não gosto muito da nossa língua portuguesa, mas uma coisa devo admitir: fazemos milagres com ela: quantos belos poemas!


Abraços.
Carol.