sábado, fevereiro 23, 2008
Vem depressa, ó meu destino, que é que me trazes de tão longe? Sentada há muito na porta do seu sonho, Cecília Meireles solta seu grito em versos.
Inicial
Lá na distância, no fugir das perspectivas,
por que vagueiam, como o sonho sobre o sonho.
aquelas formas de neblinas fugitivas?
Lá na distância, no fugir das perspectivas,
lá no infinito, lá no extremo... no abandono...
Aquelas sombras na vagueza da paisagem,
que tem brancuras de crepúsculos do Norte,
dão-me a impressão de vir outrora... de uma viagem...
Aquelas sombras, na vagueza da paisagem,
dão-me a impressão do que se vê depois da morte...
Lá muito longe, muito longe, muito longe,
anda o fantasma espiritual de um peregrino...
Lembra um rei-mago, lembra um santo, lembra um monge...
Lá muito longe, muito longe, muito longe,
anda o fantasma espiritual do meu destino...
Anda em silêncio: alma do luar... forma do aroma...
Lembrança morta de uma história reticente
que nos contaram noutra vida e noutro idioma...
Anda em silêncio: alma do luar... forma do aroma...
Lá na distância... O meu destino... Vagamente...
Sentei-me a porta do meu sonho, há muito, nessa
dúvida triste de um infante pequenino,
a quem fizeram certa vez uma promessa...
Que é que me trazes de tão longe? Vem depressa!
Ó meu destino, Ó meu destino! Ó meu destino!...
Cecília Meireles
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