quarta-feira, maio 30, 2007

Para Quintana, a cada vez que o mataram, foram levando qualquer coisa dele. E dos seus cadáveres, ficou o mais desnudo, o que não tem mais nada.


A rua dos cataventos


Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.

Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.

Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arracar a luz sagrada!

Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!

Mario Quintana
(1903-1994)

Mais sobre Mario Quintana
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Quintana

4 comentários:

Aleksei disse...

Se me permite, este poema tem o mesmo nome da primeira frase: DA PRIMEIRA VEZ EM QUE ME ASSASSINARAM

*andorinharos@ disse...

Voces estão de parabéns!!
sabem o quanto sou apaixonada por estes encantadores poetas nacionais, e como edificam!!
beijos e virei sempre lê-los.

*andorinharos@ disse...

OBA!!!
Mario quintana!
òtimos momentos de lazer e paz, aqui neste cantinho que virei sempre.
beijos Marisa Rosa.

Marilda Novak Nishimoto disse...

Parabens! Esse blog e maravilhoso! Amo os poetas brasileiros, mas Mario Quintana e muito especial para mim....vou visitar sempre esse cantinho delicioso!