quarta-feira, maio 16, 2007

Em seu madrigal melancólico, Manuel Bandeira confessa que o que mais adora nela não é a beleza, a inteligência, a graça ou a pureza. É a Vida.


Madrigal melancólico

O que eu adoro em ti,
Não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.

A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si.
Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua inteligência.
Não é o teu espírito sutil,
Tão ágil, tão luminoso,
- Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem é a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça musical,
Sucessiva e renovada a cada momento,
Graça aérea como o teu próprio pensamento,
Graça que perturba e que satisfaz.

O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já perdi,
Não é a irmã que já perdi,
E meu pai.

O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto maternal
Em teu flanco aberto como uma ferida.
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que eu adoro em ti – lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.

Manuel Bandeira

(1886-1968)

Mais sobre Manuel Bandeira em

http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Bandeira

6 comentários:

Anônimo disse...

Ola amigo,
Não sei onde estão colhendo a transcrição do poema "Madrigal Melancólico", já observei em vários bloggers que está com alguns erros..
Repasso a transcrição fiel , ok.
Abraço
Maíra

O que eu adoro em ti,
Não é a tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.

A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.

O que eu adoro em ti,
Não é a inteligência.
Não é o teu espírito sutil,
Tão ágil, tão luminoso,
- Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem é a tua ciência
Do coração dos homens e dos coisas.

O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já perdi.
Não é a irmã que já perdi.
E meu pai.

O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto maternal
Em teu flanco aberto como uma ferida,
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que adoro em ti - lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.

11-07-1920

Manuel Bandeira

Anônimo disse...

Maíra,

Muito obrigado pela gentileza do seu comentário.
Sua colaboração, como a de todos nossos leitores é inestimável. É o que garante a qualidade do nosso esforço para divulgação da Poesia.
No entanto, após compararmos as duas versões a que publicamos e a sua transcrição, verificamos que o nosso material está correto - apesar de algumas vírgulas que faltavam na digitação, o que já corrigimos - conforme pode ser constatado no livro Antologia Poética de Manuel Bandeira, página 56, Ed.Nova Fronteira.
Mais uma vez, muito obrigado.
O Editor.

Anônimo disse...

Olá!

É certo o que Maíra disse, este poema não está correto de modo algum, tenho o mesmo original (em mãos) que minha professora de língua portuguesa/literatura me passou e realmente está terrívelmente incorreto, além dos erros apontados por ela, o título é "Madrigal melancólica".

Cá entre nós, o poema (original) é lindo de se ler!

Se me permitem, é recomendável que re-avaliem e pesquisem melhor tal poema antes de deixá-lo exposto à outros leitores e típicos ultilizadores daquele Ctrl+C e Ctrl+V não cometam a mesma gafe e repassem adiante.

;)

Abraços!

JOSE ANTONIO LEAO RAMOS disse...

Ivy Lancaster,

Antes de fazer um comentário grosseiro como o que fez, ao contrário da Maira - pessoa muito gentil e educada -, você devia era pesquisar melhor o tema que aborda.
Para começar, ao invés de se basear no "original" (suponho que seja uma cópia qualquer) que sua “professora de língua portuguesa/literatura lhe passou”, compre o livro ou vá a uma biblioteca onde possa lê-lo.
Suas observações são terrivelmente incorretas, inclusive no que diz respeito ao título.
A única observação válida que você fez é a de que "o poema é lindo de se ler".
Se me permite, é melhor que você reavalie, não só o seu conhecimento sobre o assunto, como trate de aprender as normas de educação condizentes com a das pessoas que
frequentam o Poemblog, o espaço da Poesia.
Em 3 anos de atividade, por acaso completados hoje, 27 de março, publicamos 1753 poemas, promovemos 2 concursos para Novos Poetas e publicamos sempre material baseado em originais,
de nossa biblioteca própria ou de nossos colaboradores.
Menos empáfia, mais modéstia, menos grosseria sem sentido e, principalmente, muito mais conhecimento, são os conselhos que, como uma pessoa que pode ter a idade para ser seu pai, eu tomo a liberdade de lhe dar.

O Editor

P.S. - O livro "Manuel Baandeira,Poesia Completa e Prosa",
edição de 1977, página 189, da Editora Nova Aguilar, confirma nossa posição.

Unknown disse...

Então no original não há a estrofe: "O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça musical(...)
Graça que perturba e satisfaz."??

JOSE ANTONIO LEAO RAMOS disse...

Marcia,

O poema está publicado como no original (Manuel Bandeira, in Poesia Completa e Prosa, pg.189, Editora Nova Aguilar, 1977)


Obrigado,

O Editor