quarta-feira, junho 12, 2013

Para Jorge de Lima, não há saída mais para esse beco. Tudo perdido, tudo consumado.


Pranto seco

O que há sob essa máscara é um pranto seco,
pranto final, sem lágrimas, calado.
A pele ressecou-se em fruto peco,
a fronte dolorida, o olhar parado.

Não há saída mais para esse beco.
Tudo perdido, tudo consumado.
O que há sob essa máscara é um pranto seco,
sem esponja de fel e último brado.

As formigas subiram pela fronte
e desceram ligeiras pelos cravos
das patas ressequidas, pelas unhas…

Cadáver seco em solitário monte,
sem complacências e sem desagravos,
sem madalenas e sem testemunhas.

Jorge de Lima
(1893-1953)

Mais sobre Jorge de Lima em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jorge_de_Lima

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