quinta-feira, junho 06, 2013

Para Alphonsus de Guimaraens, cada um de nós é a bússola sem norte, sempre o presente pior do que o passado. Cantem outros a vida: ele canta a morte.


Cantem outros a clara cor virente

Cantem outros a clara cor virente
Do bosque em flor e a luz do dia eterno...
Envoltos nos clarões fulvos do oriente,
Cantem a primavera: eu canto o inverno.
Para muitos o imoto céu clemente
É um manto de carinho suave e terno:
Cantam a vida, e nenhum deles sente
Que decantando vai o próprio inferno.

Cantem esta mansão, onde entre prantos
Cada um espera o sepulcral punhado
De úmido pó que há de abafar-lhe os cantos...

Cada um de nós é a bússola sem norte.
Sempre o presente pior do que o passado.
Cantem outros a vida: eu canto a morte...

Alphonsus de Guimaraens
(1870-1921)

Mais sobre Alphonsus de Guimaraens em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alphonsus_de_Guimaraens

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