terça-feira, outubro 25, 2011
Dorme, dorme o que não foste, o que nunca serás. Dorme, que pena não poder me ver - puro - dormindo, diz a dor de Murilo Mendes.
Dorme
Dorme.
Dorme o tempo em que não podias dormir.
Dorme não só tu,
Prepara-te para dormir teu corpo e teu amor contigo.
Dorme o que não foste, o que nunca serás.
Dorme o incêndio dos atos esquecidos,
A qualidade a distância o rumo do pensamento.
O pássaro magnético volta-se,
As árvores trocam os braços,
O castelo parou de andar.
Dorme.
Que pena não poder me ver - puro - dormindo.
Murilo Mendes
(1901-1975)
Mais sobre Murilo Mendes em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Murilo_Mendes
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