Pedra-vento
O vento lavou as pedras,
mas ficaram as palavras.
O vento lavou as pedras
com sabor de madrugada.
O vento lavou as noites,
mas ficaram as estrelas.
O vento lavou a noite
com água límpida e mansa.
Mas não lavou a salsugem.
O vento lavou as águas,
mas não lavou a inocência
que amadurece nas águas.
O vento lavou o vento.
Carlos Nejar
(1939)
Mais sobre Carlos Nejar em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Nejar
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