segunda-feira, outubro 10, 2011

Carlos Nejar viu o vento lavar as pedras, as noites, as águas. O vento lavou até o vento, mas ficaram as palavras.



Pedra-vento

O vento lavou as pedras,
mas ficaram as palavras.
O vento lavou as pedras
com sabor de madrugada.

O vento lavou as noites,
mas ficaram as estrelas.

O vento lavou a noite
com água límpida e mansa.
Mas não lavou a salsugem.

O vento lavou as águas,
mas não lavou a inocência
que amadurece nas águas.

O vento lavou o vento.

Carlos Nejar
(1939)
Mais sobre Carlos Nejar em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Nejar

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