quinta-feira, setembro 15, 2011
António Gedeão sabe que o seu desespero não interessa a ninguém. E que a Humanidade é mais gente do que ele e o Mundo é maior do que o bairro onde habita.
Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém
Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível:
com ele se entretém
e se julga intangível.
Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,
que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não pesa num total que tende para infinito.
Eu sei que as dimensões impiedosos da Vida
ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo.
António Gedeão
(1906-1997)
Mais sobre António Gedeão em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Gede%C3%A3o
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