sexta-feira, março 25, 2011

Murilo Mendes diz que ninguém sabe se a manhã traz promessa de prazer. E que os braços espantam os restos da noite.


A manhã

Ninguém sabe se a manhã
Traz promessa de prazer.
Anônimas sanfoninas
Alternam como sábias.

Transformou-se o vento de ontem,
Agora sopra sereno.

Sai um homem para o trabalho,
Saem dois, saem três, saem mil
Pensando na volta.
Ontem não havia
Aquela roseira em pé,
E a carícia d'agora
Desapareceu no ar.

Os braços espantam
Os restos da noite.

Murilo Mendes
(1901-1975)

Mais sobre Murilo Mendes em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Murilo_Mendes

Nenhum comentário: