terça-feira, março 29, 2011
A esplêndida lua debruçada sobre a casa do poeta já não destila mágoa nem furor. Para Drummond, essa alvura de morte lembra amor.
A vida passada a limpo
Ó esplêndida lua, debruçada
sobre Joaquim Nabuco, 81.
Tu não banhas a fachada
e o quarto de dormir, prenda comum.
Baixas a um vago em mim, onde nenhum
halo humano ou divino fez pousada,
e me penetras, lâmina de Ogum,
e sou uma lagoa iluminada.
Tudo branco, no tempo. Que lmpeza
nos resíduos e vozes na cor
que era sinistra, e agora, flor surpresa,
já não destila mágoa nem furor:
fruto de aceitação da natureza,
essa alvura de morte lembra amor.
Carlos Drummond de Andrade
(1902-1987)
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