quinta-feira, junho 03, 2010

Início de arte, excesso de morte? Mudo evaporar-se de silêncios altos: eis a eternidade para Carlos Nejar.


Flagrante


Eia a eternidade.
Tudo se bifurca
nestas amplas margens
de águas insaciáveis
onde trilham remos.

É menear de ombros?
É alvor de coisas
nunca regressadas?
Rumores de lebre
por entre ruínas:
eis a eternidade.

Nada ali se trunca,
invisível bússola,
aluvião de sendas,
corda absoluta.
O que nela esmaga
é um jorrar de nuncas.
Eia a eternidade.

Busco a outra face
de alguém que não toco
e jamais percebo:
eis a eternidade.

Um puro acabar-se
de rotas palavras.
Início de arte?
Excesso de morte?
Mudo evaporar-se
de silêncios altos.

Eia a eternidade.

Carlos Nejar

Mais sobre Carlos Nejar em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Nejar

Nenhum comentário: