domingo, setembro 06, 2009

Maria Teresa sente a febre a nascer e a crescer debaixo, o instante exato em que tudo se prende ao gesto sem sentido. E tira pela cabeça o vestido.


Amêndoa amarga


Este travo inteiro
a amêndoa
amarga

A ameixa
a doce a ferver no tacho

Esse travo na língua
a fermentar no corpo

A febre a nascer
e crescer debaixo

Em baixo...
a saia a subir nas coxas
e esse cheiro mais grosso se entreabro

As pernas os lábios
e o gosto
onde o sabor da amêndoa se torna mais
amargo

É esse o momento
o instante exacto
em que tudo se prende
ao gesto sem sentido

A calda no ponto
deixa a língua em brasa

E eu tiro pela cabeça
o meu vestido

Maria Teresa Horta

Mais sobre Maria Teresa Horta em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Teresa_Horta

Nenhum comentário: