segunda-feira, outubro 01, 2007

São como cristal as palavras, quem as escuta? Quem as recolhe assim, cruéis, desfeitas, nas suas conchas puras, pergunta em versos Eugénio de Andrade.


As palavras...

São como cristal, as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras, orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes, leves.
Tecidas são de luz e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta?

Quem as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade

(1923-2005)

Mais sobre Eugénio de Andrade em

http://pt.wikipedia.org/wiki/Eug%C3%A9nio_de_Andrade

2 comentários:

Anônimo disse...

São como cristal, as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio,
Outras, orvalho apenas.

Desamparadas, inocentes, leves.
Tecidas são de Luz e são Noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Lindo e sábio este poema.

Anônimo disse...

rsrssrsrr
relendo este poema.
lembrei de minha filha, Carol.
que com suas palavras....consegue tira o melhor de mim.