quinta-feira, outubro 11, 2007

Para Cecília Meireles, um poeta na noite morta não necessita de sono. E a mercê do Espaço, nem necessita de vida.


Canção de alta noite

Alta noite, lua quieta
Muros frios, praia rasa

Andar, andar, que um poeta
Não necessita de casa.

Fecha-se a última porta
O resto é o chão do abandono
Um poeta na noite morta
Não necessita de sono.

Andar, perder o seu passo
Na noite também perdida

Um poeta a mercê do Espaço
Nem necessita de vida.

Andar, andar, enquanto consente Deus

Que seja noite andada

Porque o poeta indiferente
Anda por andar somente

Não necessita de nada.

Cecília Meireles

(1901-1964)

Mais sobre Cecília Meireles em

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cec%C3%ADlia_Meireles

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