terça-feira, janeiro 09, 2007

Vão-se os sonhos nas asas da Descrença, voltam sonhos nas asas da Esperança. Mas atrelado ao desalento, o poeta espera a voz da morte.


A Esperança


A Esperança não murcha, ela não cansa,
Também como ela não sucumbe a Crença.
Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
Voltam sonhos nas asas da Esperança.

Muita gente infeliz assim não pensa;
No entanto o mundo é uma ilusão completa,
E não é a Esperança por sentença
Este laço que ao mundo nos manieta?

Mocidade, portanto, ergue o teu grito,
Sirva-te a crença de fanal bendito,
Salve-te a glória no futuro - avança!

E eu, que vivo atrelado ao desalento
Também espero o fim do meu tormento,
Na voz da morte a me bradar: descansa!

Augusto dos Anjos
(1884-1914)

http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_dos_Anjos

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