quarta-feira, janeiro 24, 2007

Toda a dor do poeta pela morte do amor de sua vida pode ser sentida em seu triste poema.


Elegia Nº1



Vejo-te morta. As brancas mãos pendentes.
Delas agora, sem querer, libertas
a alma dos gestos e, dos lábios quentes
ainda, as frases pensadas só em certas
tardes perdidas. Sob as entreabertas
pálpebras, sinto, em teu olhar presentes,
mundos de imagens que, às regiões desertas
da morte, levarás, que a morte sentes

fria diante de todos os apelos.
Vejo-te morta. Viva, a cabeleira,
teus cabelos voando! ah! teus cabelos!

Gesto de desespero e despedida,
para ficares de qualquer maneira
pelos fios castanhos presa à vida.

Mauro Mota

(1911-1984)

Mais sobre Mauro Mota em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mauro_Mota

Um comentário:

Guto Melo disse...

"Gesto de desespero e despedida,
para ficares de qualquer maneira
pelos fios castanhos presa à vida."

Este final é muito bom.