sábado, janeiro 20, 2007

Vinícius de Moraes, em "Soneto de despedida".


Soneto de despedida

Uma lua no céu apareceu
Cheia e branca; foi quando, emocionada
A mulher a meu lado estremeceu
E se entregou sem que eu dissesse nada.

Larguei-as pela jovem madrugada
Ambas cheias e brancas e sem véu
Perdida uma, a outra abandonada
Uma nua na terra, outra no céu.

Mas não partira delas; a mais louca
Apaixonou-me o pensamento; dei-o
Feliz - eu de amor pouco e vida pouca

Mas que tinha deixado em meu enleio
Um sorriso de carne em sua boca
Uma gota de leite no seu seio.

Vinícius de Moraes
(1913-1980)

Mais sobre Vinícius de Moraes em

http://pt.wikipedia.org/wiki/Vin%C3%ADcius_de_Moraes

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