Estrela da tarde
O que de todos esperara, há quanto
Que todos, um por um, mo sonegaram!
Meus lábios sem razão os verberaram,
Saiba-me a boca, embora, a amargo e a espanto.
Pois que lhes dava eu, pedindo tanto?
A mim próprio, que dei? Sons que esvoaçaram...
A vida não perdoa aos que a frustraram!
E a vida me atirou para o meu canto.
Já, como quem, para morrer, se estira
No limiar da casa abandonada,
E olhando os céus, inda sorri, respira,
A Ti levanto os olhos do meu nada...
Recebe Tu (ou também és mentira?)
Minh'alma de nós todos recusada!
José Regio
(1901-1969)
Mais sobre José Regio em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_R%C3%A9gio
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