sexta-feira, dezembro 01, 2006

Com toda a sua humildade, o poeta sabe que o canto glorificará somente a origem, quando mais ninguém no mundo saiba ele de quem foi ou de onde veio.


Humildade


Que a voz do poeta nunca se levante
para ter ressonâncias nas alturas.
Que o canto, das contidas amarguras,
somente seja a gota transbordante.
Que ele, através das solidões escuras
do ser, deslize no preciso instante.
Saia da avena do pastor errante,
sem aplausos buscar de outras criaturas.

Que o canto simples, natural, rebente,
água da fonte límpida, do fundo
da alma, de amor e de humildade cheio.

Que o canto glorificará somente
a origem, quando mais ninguém no mundo
saiba ele de quem foi ou de onde veio.

Mauro Mota

(1911-1984)

Mais sobre Mauro Mota em

http://pt.wikipedia.org/wiki/Mauro_Mota

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