sábado, julho 25, 2015

Na oculta consciência de não ser, numa fuga para o ponto de partida, Saramago sente um perto que é tão longe. Um longe aqui.


Espaço curvo e finito

Oculta consciência de não ser,
Ou de ser num estar que me transcende,
Numa rede de presenças
E ausências,
Numa fuga para o ponto de partida:
Um perto que é tão longe,
Um longe aqui.

Uma ânsia de estar e de temer
A semente que de ser se surpreende,
As pedras que repetem as cadências
Da onda sempre nova e repetida
Que neste espaço curvo vem de ti.

José Saramago
(1922-2010)

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