Vivi, sofri, amei
Vivi. Quando cheguei, trazia os olhos cheios
da saudade de um céu que foi meu mundo antigo.
A vida me fez mau. E os homens por castigo,
odiaram-se. E eu também, porque eram maus, odiei-os.
Sofri. Tudo o que tive – ideais, sonhos, anseios –
naufragou numa pobre lágrima... E, comigo,
mais de um homem chorou, mais de um me disse: (“Amigo!”
A dor tornou-nos bons: perdoaram-me, perdoei-os.
Amei: vivi, sofri contigo. Em um segundo
resumimos a vida e, em nosso ninho, o mundo...
No entanto, a ti que amei, que o amor fez incapaz
de ódio – esse mal que é um bem, porque ele só perdoa -,
por mais que eu seja bom, por mais que sejas boa,
nunca te perdoarei, nunca me perdoarás!
Guilherme de Almeida
(1890-1969)
Mais sobre Guilherme de Almeida em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guilherme_de_Almeida
Vivi. Quando cheguei, trazia os olhos cheios
da saudade de um céu que foi meu mundo antigo.
A vida me fez mau. E os homens por castigo,
odiaram-se. E eu também, porque eram maus, odiei-os.
Sofri. Tudo o que tive – ideais, sonhos, anseios –
naufragou numa pobre lágrima... E, comigo,
mais de um homem chorou, mais de um me disse: (“Amigo!”
A dor tornou-nos bons: perdoaram-me, perdoei-os.
Amei: vivi, sofri contigo. Em um segundo
resumimos a vida e, em nosso ninho, o mundo...
No entanto, a ti que amei, que o amor fez incapaz
de ódio – esse mal que é um bem, porque ele só perdoa -,
por mais que eu seja bom, por mais que sejas boa,
nunca te perdoarei, nunca me perdoarás!
Guilherme de Almeida
(1890-1969)
Mais sobre Guilherme de Almeida em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guilherme_de_Almeida
Nenhum comentário:
Postar um comentário