quarta-feira, abril 10, 2013

Mia Couto diz que não saberá nunca dizer adeus. Afinal, só os mortos sabem morrer.


Poema de despedida

Não saberei nunca
dizer adeus

Afinal,
só os mortos sabem morrer

Resta ainda tudo,
só nós não podemos ser

Talvez o amor,
neste tempo,
seja ainda cedo

Não é este sossego
que eu queria,
este exílio de tudo,
esta solidão de todos

Agora
não resta de mim
o que seja meu
e quando tento
o magro invento de um sonho
todo o inferno me vem à boca

Nenhuma palavra
alcança o mundo, eu sei
Ainda assim,
escrevo.

Mia Couto 
(1955)

Mais sobre Mia Couto em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mia_Couto





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