quinta-feira, fevereiro 21, 2013
Não me peçam razões, que não as tenho, ou que as desculpe, deste modo de amar e destruir. Quando a noite é de mais é que amanhece a cor de primavera que há-de vir, no saber de Saramago.
Não me peçam razões
Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.
Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.
Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.
José Saramago
(1922-2010)
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