quarta-feira, julho 11, 2012
É na intimidade e no segredo que Antero de Quental mais a adora. E a quer mais quando ela, mentindo, jura, até por Cristo, que lhe tem amor...
Intimidade
Quando, sorrindo, vais passando, e toda
Essa gente te mira cobiçosa,
És bela - e se te nao comparo à rosa,
É que a rosa, bem vês, passou de moda...
Anda-me as vezes a cabeça a roda,
Atrás de ti também, flor caprichosa!
Nem pode haver, na multidão ruidosa,
Coisa mais linda, mais absurda e doida.
Mas é na intimidade e no segredo,
Quando tu coras e sorris a medo,
Que me apraz ver-te e que te adoro, flor!
E nao te quero nunca tanto (ouve isto)
Como quando por ti, por mim, por Cristo, Juras
- mentindo - que me tens amor...
Antero de Quental
(1842-1891)
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