quarta-feira, fevereiro 01, 2012
Canta-lhe o vento as áreas que conhece e nenhuma perturba aquele olhar. Para Miguel Torga, um olhar que quer descobrir paradas seivas da vida que a razão lhe diz.
Fascinação
Canta-lhe o vento as áreas que conhece,
E nenhuma perturba aquele olhar.
Nenhuma o transfigura ou adormece
E o tira de sentir e de fitar.
Terra de consciência iluminada,
Limpa na sua luz pensada e fria,
A celeste canção enluarada
Nenhuma paz humana lhe daria.
Não, porque o vento só conduz aladas
Forças que oscilam a raiz;
E aquele olhar quer descobrir paradas
Seivas da vida que a razão lhe diz.
Miguel Torga
(1907-1995)
Mais sobre Miguel Torga em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Miguel_Torga
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