quarta-feira, janeiro 25, 2012

Mário de Sá-Carneiro chega à conclusão que Mistério é riqueza. E o medo é Mistério.



Não

Longes se aglomeram
Em torno aos meus sentidos,
Nos quais prevejo erguidos
Paços reais de mistérios.

Cinjo-me de Cor,
E parto a demandar.
Tudo é Oiro em meu rastro -
Poeira de amor...

Advinho alabastro...
Detenho-me em luar...

Lá se ergue o castelo
Amarelo do medo
Que eu tinha previsto:
As portas abertas,
Lacaios parados,
As luzes, desertas -
Janelas incertas,
Torreões sepulcrados...

Vitória! Vitória!
Mistério é riqueza -
E o medo é Mistério!...

Mário de Sá-Carneiro
(1890-1916)

Mais sobre Mário de Sá-Carneiro em
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_de_S%C3%A1-Carneiro

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