sábado, setembro 15, 2007

Amar-te a vida inteira eu não podia, a gente esquece sempre o bem de um dia. Que queres, meu Amor, se é isto a vida, pergunta Florbela Espanca.


A vida

É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés de d'alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!

Todos somos no mundo "Pedro Sem",
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre o eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo de onde vem!

A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida...

Amar-te a vida inteira eu não podia.
A gente esquece sempre o bem de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a Vida!...

Florbela Espanca

(1894-1930)

Mais sobre Florbela Espanca em

http://pt.wikipedia.org/wiki/Florbela_Espanca

2 comentários:

Tarcisio5 disse...

Olá!
Primeiro verso da 2a estrofe falta um pedaço,achei em outras edições:

Todos somos no mundo "Pedro Sem",

Abraço,
Tarcisio

Anônimo disse...

Tarcísio,

Você tem razão, falha nossa.
Já corrigimos o problema que você apontou.
E muito obrigado pela gentileza do seu comentário, sempre colaborando com o nosso esforço para divulgação da Poesia.

O Editor