segunda-feira, fevereiro 12, 2007
Nos versos do poeta, o Solitário não teve quem viesse ver a sua Desgraça. E ainda saíu levando apenas a pele e o chocalho dos ossos.
Solitário
Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta!
Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos conforta...
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!
Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
- Velho caixão a carregar destroços
-Levando apenas na tumbal carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!
Augusto dos Anjos
(1884-1914)
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Um comentário:
Maravilhoso!!! Augusto dos Anjos é um dos meus autores preferidos! Muito bom!!!!
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