sexta-feira, fevereiro 09, 2007
No encontro, Saramago dobra a esquina do tempo. E naquele instante, um peixe de cristal solta delírios e um outro sol brilha sobre as águas.
Nesta esquina do tempo
Nesta esquina do tempo é que te encontro,
Ó nocturna ribeira de águas vivas
Onde os lírios abertos adormecem
A mordência das horas corrosivas.
Entre as margens dos braços navegando,
Os olhos nas estrelas do meu peito,
Dobro a esquina do tempo que ressurge
Da corrente do corpo em que me deito
Na secreta matriz que te modela,
Um peixe de cristal solta delírios
E como um outro sol paira, brilhando
Sobre as águas , as margens e os lírios.
José Saramago
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