sexta-feira, setembro 08, 2006

O que o outro não via, Hilda se via desejando um desejo vizinhante.


Aquele outro não via...


Aquele Outro não via minha muita amplidão
Nada lhe bastava. Nem ígneas cantigas.
E agora vã, te pareço soberba, magnífica
E fodes como quem morre a última conquista
E ardes como desejei arder de santidade.
(E há luz na tua carne e tu palpitas.)

Ah, por que me vejo vasta e inflexível
Desejando um desejo vizinhante
De uma Fome irada e obsessiva?

Hilda Hilst
(1930 - 2004)

Mais sobre Hilda Hilst em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hilda_Hilst

Um comentário:

Anônimo disse...

Me lembrou um poema de Florbela Espanca: "fome áspera e cruel"... Talvez as mulheres "amem" assim pq elas transformam o desejo carnal em amor carnal...