segunda-feira, novembro 30, 2015

Mario Quintana fez um poema belo e alto como um girassol de Van Gogh. E quer saber em que estrela, amor, o teu riso estará cantando?


Eu fiz um poema

Eu fiz um poema belo
e alto
como um girassol de Van Gogh
como um copo de chope sobre o mármore
de um bar
que um raio de sol atravessa
eu fiz um poema belo como um vitral
claro como um adro...
Agora
não sei que chuva o escorreu
suas palavras estão apagadas
alheias uma à outra como as palavra de um dicionário.
Eu sou como um arqueólogo decifrando as cinzas de uma cidade morta.
O vulto de um velho arquéologo curvado sobre a terra...
Em que estrela, amor, o teu riso estará cantando?

Mario Quintana
(1906-1994)

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http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Quintana

domingo, novembro 29, 2015

Por muito tempo, Drummond achou que ausência é falta. E que falta nós sempre vamos sentir de Drummond.


Ausência

Por muito tempo achei que ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, esta ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade
(1902-1987)

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Drummond_de_Andrade

sábado, novembro 28, 2015

Dormes, que penso e mensagens tristes lhe envio. Pensamentos, nada mais, de Cecília em seu acalanto.


Acalanto

Dorme, que eu penso.
Cada qual assim navega
pelo seu mar imenso.
Eatarás vendo. Eu estou cega.
Nem te vejo nem a mim.
No teu mar, talvez se chega.
Este, não tem fim.
Dorme, que eu penso.
Que eu penso neste navio
clarividente em que vais.
Mensagens tristes lhe envio.
Pensamentos - nada mais.

Cecília Meireles
(1901-1964)

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Cec%C3%ADlia_Meireles

domingo, novembro 22, 2015

Tomara, apenas uma palavra. E Vinicius disse tudo que gostaria que ela entendesse.


Tomara

Que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho
E chore, se arrependa
E pense muito
Que é melhor se sofrer junto
Que viver feliz sozinho

Tomara
Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz

E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz
E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais

Vinicius de Moraes
(1913-1980)

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Vin%C3%ADcius_de_Moraes

sexta-feira, novembro 20, 2015

O fundo da noite guarda silêncios. Mas para a menina de Flora Figueiredo, cai um pingo de luz, amanhece.



Como nascem as manhãs

O fundo dos olhos da noite
guarda silêncios.
Esconde na retina
a menina que corre descalça em campo aberto.
Pálpebras cerradas, a noite emudece.
A menina com medo
faz um furo no escuro com a ponta do dedo.
Cai um pingo de luz.
Amanhece.

Flora Figueiredo

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Flora_figueiredo

quinta-feira, novembro 19, 2015

Ela não mentiu gozo, prazer, lascívia. E ainda perguntou: por que haverias de querer minha alma na tua cama?



E por que haverias de querer...

E por que haverias de querer minha alma
Na tua cama?
Disse palavras líquidas, deleitosas,ásperas,
Obscenas, porque era assim que gostávamos.
Mas não menti gozo prazer lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando
Aquele outro. E te repito: por que haverias
De querer minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e de acertos.
Ou tenta-me de novo.Obriga-me.

Hilda Hilst
(1930-2004)

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Hilda_Hilst

terça-feira, novembro 17, 2015

Quem é que semeia o vento e colhe a tempestade? Para Vinicius de Moraes, só a mulher amada, o princípio e o fim de todas as coisas.


A brusca poesia da mulher amada (II)

A mulher amada carrega o cetro, o seu fastígio
É máximo. A mulher amada é aquela que aponta para a noite
E de cujo seio surge a aurora. A mulher amada
É quem traça a curva do horizonte e dá linha ao movimento dos
astros.
Não há solidão sem que sobrevenha a mulher amada
Em seu acúmen. A mulher amada é o padrão índigo da cúpula
E o elemento verde antagônico. A mulher amada
É o tempo passado no tempo presente no tempo futuro
No sem tempo. A mulher amada é o navio submerso
É o tempo submerso, é a montanha imersa em líquen.
É o mar, é o mar, é o mar a mulher amada
E sua ausência. Longe, no fundo plácido da noite
Outra coisa não é senão o seio da mulher amada
Que ilumina a cegueira dos homens. Alta, tranqüila e trágica
É essa que eu chamo pelo nome de mulher amada.
Nascitura. Nascitura da mulher amada
É a mulher amada. A mulher amada é a mulher amada é a mulher
amada
É a mulher amada. Quem é que semeia o vento? – a mulher amada!
Quem colhe a tempestade? – a mulher amada!
Quem determina os meridianos? – a mulher amada!
Quem a misteriosa portadora de si mesma? A mulher amada.
Talvegue, estrela, petardo
Nada a não ser a mulher amada necessariamente amada
Quando! E de outro não seja, pois é ela
A coluna e o gral, a fé e o símbolo, implícita
Na criação. Por isso, seja ela! A ela o canto e a oferenda
O gozo e o privilégio, a taça erguida e o sangue do poeta
Correndo pelas ruas e iluminando as perplexidades.
Eia, a mulher amada! Seja ela o princípio e o fim de todas as coisas.
Poder geral, completo, absoluto à mulher amada!

Vinicius de Moraes
(1913-1980)

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Vinicius_de_Moraes

domingo, novembro 15, 2015

Drummond aprendeu que o amor no claro é sempre triste. Como um menino desobediente, ele disse tudo a alguém, alguém que agora sabe e sempre saberá.


Não se mate

Carlos, sossegue, o amor
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira
ninguém sabe
o que será.
Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
Reserve-se todo para as bodas que ninguém sabe
quando virão,
se é que virão.
O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você,
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas,
vitrolas,
santos que se persignam,
anúncios do melhor sabão,
barulho que ninguém sabe
de quê, praquê.
Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira,você é o grito
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam.
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos,
mas não diga nada a ninguém,
ninguém sabe nem saberá.

Carlos Drummond de Andrade
(1902-1997)

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sexta-feira, novembro 13, 2015

Um homem do mundo perguntou a Adélia Prado: o que você pensa do sexo? Uma das maravilhas da criação, ela respondeu.


Entrevista

Um homem do mundo me perguntou:
o que você pensa do sexo?
Um das maravilhas da criação, eu respondi.
Ele ficou atrapalhado, porque confunde as coisas
e esperava que eu dissesse maldição,
só porque antes lhe confiara:
o destino do homem é a santidade.
A mulher que me perguntara cheia de ódio:
você raspa lá? Perguntou sorrindo,
achando que assim melhor me assassinava.
Magníficos são o cálice e a vara que ele contém,
peludo ou não.
Santo, santo, santo é o amor de Deus,
não porque uso luva ou navalha.
Que pode contra ele o excremento?
Mesmo a rosa, que pode a seu favor?
"Se cobre a multidão dos pecados e é benigno,
como a morte duro, como o inferno tenaz",
descansa em teu amor, que bem estás.


Adélia Prado
(1935)

Mais sobre Adélia Prado em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ad%C3%A9lia_Prado

quinta-feira, novembro 12, 2015

Para Abgar Renault, a vida sempre tem uma faca na mão. Vai direto ao coração, dói em tudo, torna toda a poesia um jogo raso e inútil.



A vida tem uma faca na mão

Vamos parar de ler. Paremos de escrever
Olhos e mãos circulam no papel
ao serviço da dor e da desgraça,
mas as palavras são frias e sem fel

para exprimir o desespero dessa taça.
Ninguém sabe escrever. E ninguém pode ler
o que fica, depois de tanta luta fútil,
da escuridão desvirginada do teu ser

na indiferença de uma folha de papel.
Hoje, ontem, amanhã - amanhã sobretudo -
a vida sempre tem uma faca na mão,

vai sob as unhas, vai direto ao coração,
dói nos olhos, nos pés, dói na alma, dói em tudo,
torna toda a poesia um jogo raso e inútil.

Abgar Renault
(1901-1995)

Mais sobre Abgar Renault em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Abgar_Renault

quarta-feira, novembro 11, 2015

Para Ricardo Reis, a realidade sempre é mais ou menos do que nós queremos. E os deuses são deuses porque não se pensam.


Segue o teu destino

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

Ricardo Reis, um dos heterônimos de

Fernando Pessoa
(1888-1935)

Mais sobre Fernando Pessoa em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Pessoa

terça-feira, novembro 10, 2015

Pouco me importa, disse Alberto Caeiro. O que? Não sei, pouco me importa também.


Pouco me importa.

Pouco me importa o que?
Não sei: pouco me importa.

Alberto Caeiro, um dos heterônimos de

Fernando Pessoa

(1888-1935)

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_pessoa

segunda-feira, novembro 09, 2015

Um apaixonado Augusto Frederico Schmidt disse à mulher amada: eu nem quero te amar, porque te amo demais. E o poeta se perdeu na dialética do amor.


De Amor

Chegaria tímido e olharia tua casa,
A tua casa iluminada.
Teria vindo por caminhos longos
Atravessando noites e mais noites.

Olharia de longe o teu jardim.
Um ar fresco de quietação e repouso
Acalmaria a minha febre
E amansaria o meu coração aflito.

Ninguém saberia do meu amor:
Seria manso como as lágrimas,
Como as lágrimas de despedida.

Meu amor seria leve como as sombras.

Tanto receio de te amar, tanto receio...
A sombra do meu amor
Poderia agitar teu sono, perturbar o teu sossego...
Eu nem quero te amar, porque te amo demais.

Augusto Frederico Schmidt
(1906-1965)

Mais sobre Augusto Frederico Schmidt
http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Frederico_Schmidt

domingo, novembro 08, 2015

A menina dança sozinha, por um momento. E sua mão ainda erguida segura no ar o poema de Mario Quintana.


Dança

A menina dança sozinha
por um momento.

A menina dança sozinha
com o vento, com o ar, com
o sonho de olhos imensos...

A forma grácil de suas pernas
ele é que as plasma, o seu par
de ar
de vento,
o seu par fantasma...

Menina de olhos imensos,
tu, agora, paras,
mas a mão ainda erguida

segura ainda no ar
o hastil invisível
deste poema!

Mario Quintana
(1906-1994)

Mais sobre Mario Quintana em
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Quintana

sábado, novembro 07, 2015

Paulo Leminski diz que ninguém nunca chegou atrasado. Bençãos e desgraças vêm sempre no horário.


Atraso pontual

Ontens e hojes, amores e ódio,
adianta consultar o relogio?
Nada poderia ter sido feito,
a não ser o tempo em que foi lógico.
Ninguém nunca chegou atrasado.
Bençãos e desgraças
vêm sempre no horário.
Tudo o mais é plágio.
Acaso é este encontro
entre tempo e espaço
mais do que um sonho que eu conto
ou mais um poema que faço?

Paulo Leminski
(1944-1989])

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Leminski

sexta-feira, novembro 06, 2015

Há muito tempo já que não escrevo um poema de amor. E é o que eu sei fazer com mais delicadeza, diz o coração de Miguel Torga.


Quase um poema de amor

Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.
E é o que eu sei fazer com mais delicadeza!
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baça
Bebedeira.
Mas ou seja que vou envelhecendo
E ninguém me deseje apaixonado,
Ou que a antiga paixão
Me mantenha calado
O coração
Num íntimo pudor,
--- Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.

Miguel Torga
(1907-1995)

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Miguel_Torga

quinta-feira, novembro 05, 2015

Tive piedade do teu destino que era morrer no meu destino. E quis beijar-te num vago carinho agradecido, diz o amor de Vinicius a uma mulher.


A uma mulher

Quando a madrugada entrou eu estendi o meu peito nu sobre o teu peito
Estavas trêmula e teu rosto pálido e tuas mãos frias
E a angústia do regresso morava já nos teus olhos.
Tive piedade do teu destino que era morrer no meu destino
Quis afastar por um segundo de ti o fardo da carne
Quis beijar-te num vago carinho agradecido.
Mas quando meus lábios tocaram teus lábios
Eu compreendi que a morte já estava no teu corpo
E que era preciso fugir para não perder o único instante
Em que foste realmente a ausência de sofrimento
Em que realmente foste a serenidade

Vinicius de Moraes
(1923-1980)

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Vin%C3%ADcius_de_Moraes

terça-feira, novembro 03, 2015

Não te fies do tempo nem da eternidade. Apressa-te, amor, que amanhã eu morro e não te digo, pede Cecília em uma de suas canções.


Canção

Não te fies do tempo nem da eternidade,
que as nuvens me puxam pelos vestidos
que os ventos me arrastam contra o meu desejo!
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã morro e não te vejo!
Não demores tão longe, em lugar tão secreto,
nácar de silêncio que o mar comprime, o lábio,
limite do instante absoluto!
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã eu morro e não te escuto!
Aparece-me agora, que ainda reconheço
a anêmona aberta na tua face
e em redor dos muros o vento inimigo...
Apressa-te, amor, que amanhã eu morro,
que amanhã eu morro e não te digo...

Cecília Meireles
(1901-1964)

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segunda-feira, novembro 02, 2015

João Cabral de Melo Neto diz que as amadas rebentam nas fontes do poema. Mas uma delas não sabe onde o encontrar.


As amadas

As amadas rebentam nas fontes do poema,
as amadas não são a filha do rei,
uma delas não sabe onde me encontrar;
no pensamento vizinho ao meu
cresce o desejo das amadas;
vou apanhar os peixes da lua
para a fome das amadas.

Mas meu quotidiano irreparável
perdendo suas formas volantes:
- Por que as nuvens baixas
pesando nos meus olhos?
Onde as amadas para minha espera?

João Cabral de Melo Neto
(1920-1999)

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Cabral_de_Melo_Neto

domingo, novembro 01, 2015

Sentimento do Mundo. Poucos, muito poucos, como Drummond, sabem o seu significado.


Sentimento do mundo

Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo,
mas estou cheio de escravos,
minhas lembranças escorrem
e o corpo transige
na confluência do amor.

Quando me levantar, o céu
estará morto e saqueado,
eu mesmo estarei morto,
morto meu desejo, morto
o pântano sem acordes.

Os camaradas não disseram
que havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento.
Sinto-me disperso,
anterior a fronteiras,
humildemente vos peço
que me perdoeis.

Quando os corpos passarem,
eu ficarei sozinho
desfiando a recordação
do sineiro, da viúva e do microscopista
que habitavam a barraca
e não foram encontrados
ao amanhecer
esse amanhecer
mais noite que a noite.

Carlos Drummond de Andrade
(1902-1997)

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http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Drummond_de_Andrade