quinta-feira, maio 03, 2012
Que bem que me faz agora o mal que me fizeste. E sem ironia aceita a minha eterna gratidão, diz Florbela Espanca a quem foi o seu amor
Canção grata
Por tudo o que me deste
inquietação cuidado
um pouco de ternura
é certo mas tão pouca
Noites de insónia
Pelas ruas como louca
Obrigada, obrigada
Por aquela tão doce
e tão breve ilusão
Embora nunca mais
Depois de que a vi desfeita
Eu volte a ser quem fui
Sem ironia aceita
A minha gratidão
Que bem que me faz agora
o mal que me fizeste
Mais forte e mais serena
E livre e descuidada
Sem ironia amor obrigada
Obrigada por tudo o que me deste
Por aquela tão doce
e tão breve ilusão
Embora nunca mais
Depois de que a vi desfeita
Eu volte a ser quem fui
Sem ironia aceita
A minha gratidão
Florbela Espanca
(1894-1930)
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Um comentário:
Um poema de profundidade abissal, este, em linguagem tão simples ainda por cima.
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