domingo, dezembro 02, 2007

Que bem que me faz agora o mal que me fizeste. E sem ironia aceita a minha eterna gratidão, diz Florbela Espanca a quem foi o seu amor.


Canção grata

Por tudo o que me deste
inquietação cuidado
um pouco de ternura
é certo mas tão pouca

Noites de insónia
Pelas ruas como louca
Obrigada, obrigada
Por aquela tão doce

e tão breve ilusão
Embora nunca mais
Depois de que a vi desfeita
Eu volte a ser quem fui

Sem ironia aceita
A minha gratidão
Que bem que me faz agora
o mal que me fizeste

Mais forte e mais serena
E livre e descuidada
Sem ironia amor obrigada
Obrigada por tudo o que me deste

Por aquela tão doce
e tão breve ilusão
Embora nunca mais
Depois de que a vi desfeita

Eu volte a ser quem fui
Sem ironia aceita
A minha gratidão

Florbela Espanca

(1894-1930)

Mais sobre Florbela Espanca em

http://pt.wikipedia.org/wiki/Florbela_Espanca


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