quinta-feira, dezembro 06, 2012

De um lado e doutro, terra e gente. Para Miguel Torga, lados e filhos desta mesma serra, o mesmo céu os olha e os consente.


Fronteira

De um lado terra, doutro lado terra;
De um lado gente. doutro lado gente;
Lados e filhos desta mesma serra,
O mesmo céu os olha e os consente.

O mesmo beijo aqui; o mesmo beijo além;
Uivos iguais de cão ou de alcatéia.
E a mesma lua lírica que vem
Corar meadas de uma velha teia.

Mas uma força que não tem razão,
Que não tem olhos, que não tem sentido,
Passa e reparte o coração
Do mais pequeno tojo adormecido.

Miguel Torga 
(1907-1995)

Mais sobre Miguel Torga em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Miguel_Torga

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