Um dia acordarás
Um dia acordarás num quarto novo
sem saber como foste para lá
e as vestes que acharás ao pé do leito
de tão estranhas te farão pasmar,
a janela abrirás, devagarinho:
fará nevoeiro e tu nada verás...
Hás de tocar, a medo, a campainha
e, silenciosa, a porta se abrirá.
- Não te assustes de mim, que sofro há tanto!
Quero chorar
- apenas - no teu ombro
e devorar teus olhos, meu amor...
Mario Quintana
(1906-1994)
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