segunda-feira, setembro 24, 2012
Minhas mãos sabem de cor o teu corpo. E a febre está, baixinho, ao meu ouvido falando de ti, no delírio de Guimarães Rosa.
Delírio
No parque morno, um perfumista oculto
ordenha heliotrópios...
Deixa aberta a janela...
Minhas mãos sabem de cor o teu corpo,
e a alcova é morna...
Apaguemos a luz...
Não sentes na tua boca
um gosto de papoulas?...
Passa o lenço de seda de tuas mãos
sobre minha fronte,
e não me digas nada:
a febre está, baixinho, ao meu ouvido,
falando de ti...
Guimarães Rosa
(1908-1967)
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