segunda-feira, dezembro 12, 2011
No momento cruel da despedida, Euclides da Cunha não chorou. Mas sentiu a vida das lágrimas ao peso se curvar.
Despedida
No momento cruel da despedida
Gelado o lábio, mudo, hirto, sem ar,
Eu vi sua alma, de ilusões despida,
Tremer à luz de seu tão triste olhar.
E eu não chorei...Seu peito - a alva guarida
De minha alma - chorava em doudo arfar...
E eu não chorei, mas eu senti a vida
Das lágrimas ao peso se curvar!...
Saí, andei, corri, parei cansado.
Voltei-me e longe, longe eu vi asinha
- Garça de amor fugindo pr'a o passado
Branca, pura, ideal, - sua casinha -
E as lágrimas de amor deixei - domado -
Constelaram de dor a noite minha!
Euclides da Cunha
(1866-1909)
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