sexta-feira, janeiro 21, 2011

Que este amor não me cegue nem me siga, pede em versos Hilda Hilst. Lucidez maior, impossível.


Que este amor não me cegue nem me siga

Que este amor não me cegue nem me siga.
E de mim mesma nunca se aperceba.
Que me exclua de estar sendo perseguida
E do tormento
De só por ele me saber estar sendo.
Que o olhar não se perca nas tulipas
Pois formas tão perfeitas de beleza
Vêm do fulgor das trevas.
E o meu Senhor habita o rutilante escuro
De um suposto de heras em alto muro.
Que este amor só me faça descontente
E farta de fadigas. E de fragilidades tantas
Eu me faça pequena. E diminuta e tenra
Como só soem ser aranhas e formigas.
Que este amor só me veja de partida.

Hilda Hirst
(1930-2004)

Mais sobre Hilda Hirst em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hilda_Hilst

Um comentário:

Goliardos disse...

Poema muito belo.
seu blog é muito bom. E é com prazer imenso que estamos seguindo.

Abraços...