segunda-feira, janeiro 31, 2011
No mármore da mesa de um bar, Mario Quintana escreve letras que não formam nome algum. Ele sabe que a vida é muito curta, mesmo...e as estrelas não formam nenhum nome.
Bar
No mármore da mesa escrevo
Letras que não formam nome algum.
O meu caixão será de mogno,
Os grilos cantarão na treva...
Fora, na grama fria, devem estar brilhando as gotas
pequeninas do orvalho.
Há sobre a mesa, um reflexo triste e vão
Que é o mesmo que vem dos óculos e das carecas.
Há um retrato do Marechal Deodoro proclamando a República.
E de tudo irradia, grave, uma obscura, uma lenta música...
Ah, meus pobres botões! eu bem quisera traduzir, para vós,
uns dois ou três compassos do Universo!...
Infelizmente não sei tocar violoncelo...
A vida é muito curta, mesmo...
E as estrelas não formam nenhum nome.
Mario Quintana
(1906-1994)
Mais sobre Mario Quintana em
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Quintana
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Um comentário:
Oi, Leão!
É imprescindível viver a poesia de todo dia.
Sempre muito bom vir aqui. E gosto muitíssimo das aberturas para os poemas que você posta.
Um abraço.
Leda
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