sábado, novembro 25, 2006

Para o poeta, toda a alma num cárcere anda presa. E pergunta, que chaveiro do Céu possui as chaves para abrir as portas do Mistério?


Cárcere das almas

Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.

Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.

Ó almas presas, mudas e fechadas
Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!

Nesses silêncios solitários, graves,
que chaveiro do Céu possui as chaves
para abrir-vos as portas do Mistério?!

Cruz e Sousa

(1861-1898)

Mais sobre Cruz e Sousa em

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cruz_e_Sousa

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