A rosa
Tu, flor de Vénus,
Corada Rosa,
Leda, fragrante,
Pura, mimosa,
Tu, que envergonhas
As outras flores,
Tens menos graça
Que os meus amores.
Tanto ao diurno
Sol coruscante
Cede a nocturna
Lua inconstante,
Quanto a Marília
Té na pureza
Tu, que és o mimo
Da Natureza.
O buliçoso,
Cândido Amor
Pôs-lhe nas faces
Mais viva cor;
Tu tens agudos
Cruéis espinhos,
Ela suaves
Brandos carinhos;
Tu não percebes
Ternos desejos,
Em vão Favónio
Te dá mil beijos.
Marília bela
Sente, respira,
Meus doces versos
Ouve, e suspira.
A mãe das flores,
A Primavera,
Fica vaidosa
Quando te gera;
Porém Marília
No mago riso
Traz as delícias
Do Paraíso.
Amor que diga
Qual é mais bela,
Qual é mais pura,
Se tu, ou ela;
Que diga Vénus...
Ela aí vem...
Ai! Enganei-me,
Que é o meu bem.
Manuel Maria Barbosa du Bocage
(1765-1805)
Mais sobre Manuel Maria Barbosa Du Bocage
http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Maria_Barbosa_du_Bocage
Manuel Maria Barbosa du Bocage
(1765-1805)
Mais sobre Manuel Maria Barbosa Du Bocage
http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_Maria_Barbosa_du_Bocage
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