Pedra sendo, Manoel de Barros tem gosto de jazer no chão. E ainda vê outros privilégios de ser pedra.
A pedra
Pedra sendo
Eu tenho gosto de
jazer no chão.
Só privo com lagarto e borboletas.
Certas conchas se
abrigam em mim.
De meus interstícios crescem musgos.
Passarinhos me usam
para afiar seus bicos.
Às vezes uma garça me ocupa de dia.
Fico
louvoso.
Há outros privilégios de ser pedra:
a - Eu irrito o silêncio dos
insetos.
b - Sou batido de luar nas solitudes.
c - Tomo banho de orvalho
de manhã.
d - E o sol me cumprimenta por primeiro
Manoel de Barros
(1916)
Mais sobre Manoel de Barros em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Manoel_de_Barros
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