A casa que Eugénio de Andrade só tem no poema ergue-se pedra a pedra. Um dia a casa será bosque e ele encontrará a fonte onde um rumor de água será só silêncio.
Metamorfoses da casa
Ergue-se aérea
pedra a pedra
a casa que só tenho no poema.
A casa dorme, sonha no
vento
a delícia súbita de ser mastro.
Como estremece um torso
delicado,
assim a casa, assim um barco.
Uma gaivota passa e outra e
outra,
a casa não resiste: também voa.
Ah, um dia a casa será
bosque,
à sua sombra encontrarei a fonte
onde um rumor de água é só
silêncio.
Eugénio de Andrade(1923-2005)Mais sobre Eugénio de Andrade emhttp://pt.wikipedia.org/wiki/Eug%C3%A9nio_de_Andrade
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