O par que me parecePesa dentro de mim
o idioma que não fiz,
aquela língua sem fim
feita de aís e de aquis.
Era uma língua bonita,
música mais que palavra,
alguma coisa de hitita,
praia de mar de Java.
Um idioma perfeito,
quase não tinha objeto.
Pronomes do caso reto,
nunca acabavam sujeitos.
Tudo era seu múltiplo,
verbo, triplo, prolixo.
Gritos eram os únicos.
O resto, ia pro lixo.
Dois leos em cada pardo,
dois saltos em cada pulo,
eu que só via a metade,
silêncio, está tudo duplo.
Paulo Leminski(1944-1989)
Mais sobre Paulo Leminski em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_Leminski
silêncio, está tudo lindo!
ResponderExcluirSilêncio, está tudo claro:
ResponderExcluirDepois deste poema, me calo.