terça-feira, julho 08, 2008

Já não preciso de rir. E deixo que o inevitável dance, ao meu redor, a dança das espadas de todos os momentos, diz Guimarães Rosa em seus versos.


Consciência cósmica

Já não preciso de rir.
Os dedos longos do medo
largaram minha fronte.
E as vagas do sofrimento me arrastaram
para o centro do remoinho da grande força,
que agora flui, feroz, dentro e fora de mim...

Já não tenho medo de escalar os cimos
onde o ar limpo e fino pesa para fora,
e nem deixar escorrer a força de dos meus músculos,
e deitar-me na lama, o pensamento opiado...

Deixo que o inevitável dance, ao meu redor,
a dança das espadas de todos os momentos.
E deveria rir , se me retasse o riso,
das tormentas que poupam as furnas da minha alma,
dos desastres que erraram o alvo do meu corpo...

Já não preciso de rir.
Os dedos longos do medo
largaram minha fronte.
E as vagas do sofrimento me arrastaram
para o centro do remoinho da grande força,
que agora flui, feroz, dentro e fora de mim...

Já não tenho medo de escalar os cimos
onde o ar limpo e fino pesa para fora,
e nem deixar escorrer a força de dos meus músculos,
e deitar-me na lama, o pensamento opiado...

Deixo que o inevitável dance, ao meu redor,
a dança das espadas de todos os momentos.
E deveria rir , se me retasse o riso,
das tormentas que poupam as furnas da minha alma,
dos desastres que erraram o alvo do meu corpo...

Guimarães Rosa
(1908-1967)

Mais sobre João Guimarães Rosa em
http://pt.wikipedia.org/wiki/Guimar%C3%A3es_Rosa

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Guimarães Rosa diz, em seu poema,
    que não teme mais nada!
    A vida já o arrastou para o centro
    de um tufão, onde tudo acontece.
    E ali, ele se deixa ficar. Se põe
    indiferente às determinações do destino.
    Para que lutar contra o que é fatal,
    inexorável?
    E poderia rir se lhe restasse o
    riso, das tempestades que não lhe podem atingir.
    Sua alma agora, é uma caverna de pedras

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